domingo, 25 de novembro de 2007

STOP IT, NOW!

a cada 18 segundos 1 mulher é maltratada em alguma parte do Mundo!
Desta vez foi a São quem me lançou o repto de me juntar na luta contra a VIOLÊNCIA DE GÉNERO!
E cá estou eu a dar o meu singelo contributo por esta causa!


25 de NOVEMBRO: DIA MUNDIAL CONTRA A VIOLÊNCIA DE GÉNERO



ABAIXO A VIOLÊNCIA DE GÉNERO :

HUMANIDADE NÃO TEM SEXO !!

domingo, 18 de novembro de 2007

Estradas de Sangue


Um Rio de sangue cobre

as estradas deste País!




CUIDADO!!!


Parecem gritar aqueles que nos deixaram...



O cheiro da morte

entranhado no asfalto

nos acompanha!



e ELA nos espreitando a cada curva,
a cada distracção...



No DIA DA MEMÓRIA


um aviso à navegação!


quinta-feira, 15 de novembro de 2007

FMI - José Mário Branco


Talvez o texto mais inquietante e revoltoso da música Portuguesa. E de uma força incrível...
É do José Mário Branco e chama-se FMI. Ando farto de procurar nas discotecas por este disco e não descubro. Se tiverem informações força!
Quem quiser ouvir Ouça o FMI (by nukin) (são só 24 minutos que valem bem a pena.)


Reza assim:


Vou... vou vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial: trata-se de um texto que foi escrito assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de 79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não seja muito actual. Vou vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura, sem ter modificado nada, por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam já não ser muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto.Chama-se FMI.Quer dizer Fundo Monetário Internacional.Não sei por que é que se riem, é uma organização democrática dos países todos, que se reunem, com umas pessoas, em torno de uma mesa, para discutir os seus assuntos, e no fim tomar as decisões que interessam a todos... É o internacionalismo monetário!


FMI


Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o Mortimore do Meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer:
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí dentro, analisar, e então
Do meu 'attaché-case' sai a solução


FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico pra si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer:
Não ando aqui a brincar! Não há tempo a perder!
Batendo o pé na casa, espanador na mãoÉ só desinfectar em superprodução


FMI
Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico hara-kiri
FMI Panegírico, pró lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si, palavras para dó
A contas com o nada há que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais:
celulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Um encontrão imediato do 3º grau

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te, filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalte-quer-messe gigantesca, vem-te-bem, bem te vim, Vim-me na cozinha, vim-me na casa-de-banho, Vim-me no Politeama, vim-me no Águia D'ouro, Vim-me em toda a parte... Vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos como te arrulham por esses cartazes fora, olha a música no coração da Indira Gandi, olha o Moshe Dayan que te traz debaixo de olho... O respeitinho é muito lindo, e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo: saímos à rua de cravo na mão, sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida, filho, consolida: enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela, que o malmequer vai-te tratando do Serviço Nacional de Saúde. Consolida, filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o Astro, não é filho? O cabrão do Astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro: ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta desestabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro!Estás aí a olhar para mim? Estás aí a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transacção e estás a pensar lá com os teus zodíacos: «este tipo está-me a gozar! Este gajo quem é que julga que é?» Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde que nasceste? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote, hã? Meu Fernão Mendes Pinto de merda! Onde está o teu Extremo Oriente, filho? A-ni-ki-bé-bé, a-ni-ki-bó-bó, tu és Sepúlveda, tu és Adamastor. Pois claro: tu, sozinho, consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem! Pois é: tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te, filho, entretém-te! Deixa-te de políticas, que a tua política é o trabalho! Trabalhinho, porreirinho da Silva! E salve-se quem puder, que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala em ritmo de pop-chula, não é filho?A-one, a-two, a-one-two-three

FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI...

Camóniú, sanóvabiche!Camóne beibi, a ver se me comes! Camóne Luis Vaz, amanda-lhe com os decassílabos que eles já vão saber o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás: enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares! Zás: enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro Cunhal! Zás: enfio-te a Natália Correia no Sá Carneiro! Zás: enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros! Zás: enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer, e acabamos todos numa sardinhada à Integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok... Estamos numa porreira, meu, um trip fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade... né filho? Pois, irreversível, pois claro, irreversivelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes: agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra! Deixa lá correr o marfil, homem, andas numa alta, pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas, pá! «A culpa é dos partidos, pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta, pá!» «Pois, pá, é só paleio, pá, o pessoal não quer é trabalhar, pá! Razão tem o Jaime Neves, pá!» «Olha: deixaste cair as chaves do carro!» «Pois, pá!» «O que é essa orelha de preto que tens aí no porta-chaves?» «Epá, deixa-te disso, não desestabilizes, pá!» «Eh, faz favor: mais uma bica e um pastel de nata.» «Uma porra, pá, um autêntico desastre o 25 de Abril! Esta confusão, pá... a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide, pá, Tarrafais e o carago... mas no fim de contas quem é que não colaborava, hã? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, hã? Quem é que não se calava? Quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, hã? Meia dúzia de líricos, pá! Meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro!... Isto é tudo a mesma carneirada!» Oh sr. guarda venha cá – ah. Venha ver o que isto é – eh. O barulho que vai aqui – ih. O neto a bater na avó – oh. Deu-lhe um pontapé no cu, né filho?
Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar - ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, hã? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia: «não é nada comigo, não é nada comigo», né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada: precisas de paz de consciência. Não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém, e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, hã?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório - foi isso que te ensinaram, não é verdade? «Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande» - tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém - não é isto verdade? Quer-se dizer: há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular, hã? Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos ou anti-comunistas ou anti-fascistas: estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas é sempre o mexilhão... Eu quero lá saber deste paleio, vou mas é ao futebol, pronto! Viva o Porto, viva o Benfica! Lourosa! Lourosa! Marrazes! Marrazes! Fora o árbitro! Gatuno! Qual gatuno, qual caralho! Razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te, filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs, que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores; entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais; entretém-te, filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho; entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar; entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes. Entretém-te, filho! E vai para a cama descansado, que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada! Milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos, com computadores, redes de polícia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Deng Xiao Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter; o Brejnev está a tratar de ti com o João Paulo II! Tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de te convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias; vão te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia, e nunca consegue desaguar, de maneira que se possa dizer: «porra! Finalmente o rio desaguou!» Vão te convencer de que a culpa é só tua, e tu sem culpa nenhuma, estás tu a ver? Que tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder - é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer: votas à esquerda moderada nas sindicais; votas no centro moderado nas deputais; e votas na direita moderada nas presidenciais. Que mais querem eles? Que lhes ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, toma: para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás, «e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso», né? Claro! «Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega!» Entretém-te, meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti: se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canadá ou eucaliptos para o Japão... Descansa que eles tratam disso. Se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo... Descansa, não penses em mais nada... que até neste país de pelintras se acha «normal haver mãos desempregadas» e se acha «inevitável haver terras por cultivar»... Descontrai, beibi, camóne, descontrai, afinfa-lhes o Bruce Lee, afinfa-lhes a macrobiótica, o biorritmo, o horoscópio, dois ou três ovniologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas... Piramiza, filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho, e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. «Pois, pá, isto é um país de analfabetos, pá!» Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-chula! Pop-chula pop-chula, ié, ié! Jó-ta-pi-men-ta-forever!

Quanto menos souberes a quantas andas, melhor para ti! Não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia! Não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal! Não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte! Não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir! Cabrões de vindouros, hã! Sempre a merda do futuro? E eu que me quilhe? Pois pá: sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu, hã? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá: e eu? José Mário Branco. 37 anos. Isto é que é uma porra! Anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo - e depois? É só porrada e mal viver, é? «O menino é mal-criado», «o menino é pequeno-burguês», «o menino pertence a uma classe sem futuro histórico»... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz, porra! Quero ser feliz agora! Que se foda o futuro! Que se foda o progresso! Mais vale só do que mal acompanhado! Vá: mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz, porra, deixem-me em paz e sossego! Não me emprenhem mais pelos ouvidos, caralho! Não há paciência, não há paciência! Deixem-me em paz, caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto! Vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e polícias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho! Filhos da puta! Deixem-me só um bocadinho, deixem-me só para sempre! Tratem da vossa vida que eu trato da minha! Pronto, já chega! Sossego, porra! Silêncio, porra! Deixem-me só! Deixem-me só! Deixem-me só! Deixem-me morrer descansado! Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado! Eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto! Eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrillo e a Vera Lagoa! Deixem-me só, porra, rua! Larguem-me! Desopila o fígado! Arreda! T’arrenego Satanás! Filhos da puta! Eu quero morrer sozinho, ouviram? Eu quero morrer! Eu quero que se foda o FMI! Eu quero lá saber do FMI! Eu quero que o FMI se foda! Eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se ele tornar a ir para o hospital, pronto! Bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso, seus cabrões! O FMI não existe! O FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma! O FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio! Rua! Desandem daqui para fora! A culpa é vossa! A culpa é vossa! A culpa é vossa! A culpa é vossa! A culpa é vossa! A culpa é vossa...

Oh mãe! Oh mãe! Oh mãe! Oh mãe! Oh mãe... Oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho. Mãe, eu não quero pensar mais. Mãe: eu quero morrer, mãe. Eu quero desnascer: ir-me embora, sem sequer ter que me ir embora... Mãe, por favor... Tudo menos a casa em vez de mim; outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e me encontrar fugindo... De quê, mãe? Diz: são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento.

E se inventássemos o mar de volta? E se inventássemos partir, para regressar? Partir e aí, nessa viagem, ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar... Abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar: terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto. Lembrar, nota a nota, o canto das sereias. Lembrar o «depois do adeus» e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal. Lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição... Partir aqui, com a ciência toda do passado... Partir, aqui, para ficar.Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes; assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: «Olá, camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer: aqui está a minha arma para vos servir.» Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera, se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de Lavacolhos. Assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores.«De quem é o carvalhal?» «É nosso!» - assim te quero cantar, mar antigo a que regresso.Neste cais está arrimado o barco-sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, «Grândola Vila Morena».Diz lá: valeu a pena a travessia? Valeu, pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe. No fundo deste mar encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco: tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra. O meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui, convosco, e ser-vos alimento e companhia, na viagem para estar aqui de vez.Sou português, pequeno-burguês de origem. Filho de professores primários. Artista de variedades. Compositor popular. Aprendiz de feiticeiro. Faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto: muito mais vivo que morto. Contai com isto de mim para cantar, e para o resto.

Ser solidário assim para além da vida
Por dentro da distância percorrida
Fazer de cada perda uma raiz
E, improvavelmente, ser feliz

De como aqui chegar não é mister contar
O que já sabe quem souber
O estrume em que germina a ilusão
Fecundará por certo esta canção

Ser solidário, sim, por sobre a morte
Que depois dela só o tempo é forte
E a morte nunca o tempo a redime
Mas sim o amor dos homens que se exprime

De como aqui chegar não vale a pena
Já que a moral da história é tão pequena
Que nunca por vingança eu vos daria
No ventre das canções sabedoria

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Quem me leva os meus fantasmas?


Aquele era o tempo
Em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes as palavras voavam,
Eu via que o céu me nascia dos dedos
E a Ursa Maior eram ferros acesos.
Marinheiros perdidos em portos distantes,
Em bares escondidos,
Em sonhos gigantes.
E a cidade vazia,
Da cor do asfalto,
E alguém me pedia que cantasse mais alto.

Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?

Aquele era o tempo
Em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam
O que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala
Nem a falha no muro.
E alguém me gritava
Com voz de profeta
Que o caminho se faz
Entre o alvo e a seta.

Quem leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?

De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?

Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?


A música do Abrunhosa é linda, o poema também, mas o vídeo é brilhante!

Humaniza aqueles que habitualmente não são vistos como tal.

Aprendemos a julgar as pessoas, a colocar-lhes rótulos mediante a sua condição social e esquecemos (ou não) que em todos os extractos sociais há pessoas interessantes e desinteressantes, pessoas honestas e desonestas.

Uma das pessoas por quem mais nutro apreço é o Pedro, um rapaz cuja rua é a sua casa! Cuja vida que escolheu o levou para lá! É de uma educação exemplar e querido por todos os moradores da zona.

Há dias foi brutalmente agredido por 2 indivíduos que, de mota, passaram covardemente junto a ele e lhe deram com o capacete na cara. Motivo aparente: o facto de o Pedro ser arrumador, "ser inferior" desta sociedade!

Arrepio-me de cada vez que passo por um dos 9000 Indivíduos cujo leito é a rua.

E arrepio-me ainda mais da menoridade cultural deste País, e com os "meninos de bem" que se divertem agredindo-os física ou verbalmente!

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Desafio...Bom Na Cama



Confesso que é o primeiro desafio que me lançam e que me deixou lisonjeado pelo motivo da escolha

Foi a Som do Silêncio quem me desafiou dizendo...

kapikua: um amigo recente mas que escreve maravilhosamente... e quem assim escreve só pode ser bom na cama ;)

Era bom que assim fosse nao era? Com o nosso Camões consta que era verdade, só não sei se ele seria ou não a excepção que confirma a regra...

Para mim ser bom na cama é...
metamorfosear-me de teu prazer...
ser chave mestra de teus desejos...
levar-te comigo aos limites do desejo...
gozar loucamente cada instante desse momento...


ser BNC
é tatuar um sorriso na recordação que tens de mim!

ps: acho que não sou nada disto! :) Sei que sou Bom de Cama agora o resto...

As "regras" são estas minhas caras amigas...
Nomear 5 bloggers (não exclusivamente do sexo oposto) que, pelas razões mais diversas, imaginem ser bons na cama.

- Expliquem, em traços gerais, o que é, para vocês, a definição de "bom na cama". Se quiserem desenvolver e explicar as vossas escolhas, parece-nos bem.
- Deixar um comentário no blog dessa pessoa para que saiba que foi nomeada. O ideal será escreverem: "Acho que és bom/ boa na cama. Desafio-te no meu blog...", mas poderão ser mais comedidos.

Não podem ser nomeados:
- Os autores do desafio: Bad e Ervi. É claro que somos bons na cama, e por isso não podemos tirar a competitividade a isto.
- Pessoas que se conheçam pessoalmente. Este é apenas um exercício de imaginação. Afinal, o erotismo está no cérebro, não é? O corpo reage, o cérebro age.
- Pessoas que não conhecem pessoalmente, mas com as quais já estiveram na cama.(É IMPRESSÃO MINHA MAS ISTO NÃO ESTÁ A FAZER SENTIDO?)

Importante:
se conhecem (no sentido bíblico da palavra) alguém que foi nomeado, e até sabem que não é bem assim, não queremos saber. Nas camas virtuais é bom quem nós achamos que é. Ao menos nessas que não existam desilusões...

Então BNC são também...
cronica: minha razão de ser na blogosfera, quem me atirou para este "circo de feras". Um Ser Humano doce e Felino, mistura explosiva que faz dela certamente Boa Na Cama
_e se eu fosse puta...tu lias?_: a candura em pessoa, meiga e doce! O mais banal acontecimento, por ela relatado, transforma-se num momento único e mágico. Aliado a um sentido de humor brilhante só pode ser B.N.C.
Diva: Esta mulher é a sensualidade em forma de gente. Tem uma escrita que faz vacilar qualquer absentista de sexo :) ; tem de ser B.N.C.
satine: humor refinado( fazes-me rir ;) ) e procura constante dos seus ideais fazem-me crer que na cama o mesmo se sucederá...logo B.N.C.
storm: gosto muito da sua escrita, forte, decidida... e alguém que no seu perfil de apresentação tem: "Inteligente, bem sucedida, linda de morrer, boazona ao quadrado, louca na cama (ou onde for)... enfim a mulher de sonho de qualquer homem eheheh!" tem de ser Boa Na Cama (ou onde for...) :)

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Vontade de ti


Tenho vontade de ti!
De viajar por ti ao sabor dos ventos e marés dos nossos desejos...
do teu corpo reagindo a cada toque, a cada beijo e cada murmúrio com a graciosidade de uma dança clássica...
de fundir meu corpo no teu num cocktail de prazeres infinitos...
de aconchegar o teu sexo com o calor dos meus lábios...

Tenho vontade de ti!
de guarnecer-me com tuas asas
e contigo voar.
E juntos tocarmos as estrelas
que nascem a cada momento nosso,
abrilhantando nossa paixão!